Não haverá resgate. O S&P 500 continua emitindo sinais de alerta, mas Donald Trump não está prestando atenção – ou pelo menos finge não estar. Em um de seus discursos, o presidente dos EUA afirmou que não se preocupava com o que estava acontecendo no mercado de ações americano, pois, no longo prazo, a economia se fortaleceria, e os investidores não teriam com o que se preocupar. Em outra ocasião, o republicano alegou que os globalistas estavam por trás da liquidação no mercado acionário, acusando-os de invejar os Estados Unidos.

Tendências do Mercado de Ações dos EUA

Sempre é possível encontrar um bode expiatório. Para Donald Trump, mais uma vez, a China. Pequim foi culpada pela pandemia da COVID-19 e agora é acusada de provocar o declínio do mercado de ações dos EUA. A história do DeepSeek da China foi o catalisador para os investidores fugirem das ações de tecnologia americanas. Não é de surpreender que as Sete Magníficas tenham sido as primeiras a entrar em território de correção, seguidas pelo Nasdaq 100. Agora, uma queda de 10% no S&P 500 em relação às máximas de fevereiro parece inevitável.

A teoria de Trump sobre os globalistas merece atenção. Entretanto, os recordes de alta nos índices de ações após a eleição presidencial dos EUA foram impulsionados pelas esperanças de aceleração econômica e pela suposição de que a Casa Branca atuaria como uma rede de segurança para o S&P 500 no caso de uma queda acentuada. Nenhuma dessas expectativas está se concretizando.

Quanto mais dados econômicos chegam, mais crescem as preocupações com a economia dos EUA. O decepcionante relatório de emprego ADP de fevereiro foi seguido por números desanimadores da balança comercial. O carregamento antecipado de importações antes dos aumentos de tarifas de Trump levou a um déficit comercial recorde dos EUA em janeiro, 34% maior do que em dezembro.

Balança comercial dos EUA

As exportações líquidas podem reduzir o crescimento do PIB, tornando cada vez mais realista a previsão do Fed de Atlanta de uma contração econômica dos EUA no primeiro trimestre. O desejo de se desfazer de ativos tóxicos dos EUA está aumentando, deixando o S&P 500 com pouca escolha a não ser cair.

A notícia de que a Casa Branca isentou alguns produtos das tarifas de 25% do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) não proporcionou um alívio duradouro. A isenção abrange 50% das importações do México e 38% do Canadá. O S&P 500 se recuperou brevemente, mas rapidamente retomou sua queda. Sem o apoio da Casa Branca, seja contra as supostas manipulações dos globalistas ou os temores de uma recessão iminente, o mercado de ações dos EUA tem poucas chances de recuperação.

Tecnicamente, no gráfico diário do S&P 500, o padrão Cunha em Alargamento foi ativado com base no padrão de reversão "Os Três Índios" . O ponto 5 pode estar localizado significativamente abaixo. Enquanto o índice do mercado amplo for negociado abaixo de 5.800, a venda continua sendo a estratégia preferida.