A renúncia do governo francês provocará uma reviravolta nos mercados financeiros? Jerome Powell indicará uma pausa no ciclo de flexibilização da política monetária do Federal Reserve? Essas duas questões estão pesando sobre os investidores, fazendo com que o EUR/USD se consolide em uma faixa estreita de negociação. O principal par de moedas está se comprimindo como uma mola, pronto para subir, mesmo antes da divulgação do relatório de emprego dos EUA de novembro.
O presidente francês Emmanuel Macron pediu aos legisladores que não derrubem o governo, apelando para que não priorizem ambições pessoais em detrimento dos interesses da nação. Entretanto, tanto a esquerda quanto a direita do parlamento afirmam que o primeiro-ministro Michel Barnier e sua administração estão desconectados do público francês. Faltando apenas alguns momentos para um voto de desconfiança, o primeiro-ministro adverte que tal medida poderia provocar turbulência nos mercados financeiros. Por enquanto, o spread de rendimento entre os títulos franceses e alemães está se reduzindo, ajudando o EUR/USD a se estabilizar.
Dinâmica do spread de rendimento entre os títulos franceses e alemães
Caso o governo seja destituído, esse será o período mais curto de uma administração francesa desde a fundação da Quinta República, em 1958. A França entraria em um território desconhecido do ponto de vista político e econômico. Os investidores, então, enfrentariam a possibilidade de o spread de rendimento – que já está no seu nível mais alto desde 2012 – aumentar ainda mais. Se isso ocorrer, a paridade do EUR/USD poderia se aproximar.
O euro se mantém firme devido à redução das expectativas de um corte de 50 pontos-base na taxa de depósito pelo Banco Central Europeu (BCE) em dezembro. De acordo com o governador do Banco Nacional da Croácia, Boris Vujčić, a flexibilização monetária deve ser tratada com cautela, já que o caminho é traiçoeiramente escorregadio. Seu colega finlandês, Olli Rehn, também defende que se deixe espaço para manobras dentro do BCE.
Probabilidade de corte de 50 pontos-base na taxa do BCE em dezembro.
A pressão sobre o dólar decorre do recuo no impulso do "comércio de Trump" e da queda na probabilidade de uma pausa no ciclo de flexibilização da política monetária do Fed em dezembro, de 44% para 26%. Os investidores estão céticos quanto à viabilidade dos planos de Donald Trump. Além disso, algumas de suas declarações são controversas. Por que defender o dólar dos EUA com ameaças de tarifas contra os países do BRICS, quando a força do dólar já é inquestionável?
Há riscos de que Jerome Powell possa reverter o curso, como fez no final do primeiro trimestre. Naquela época, os mercados haviam precificado um pivô dovish do Fed para o final de 2023, mas a aceleração da inflação forçou o presidente do Fed a repensar sua postura. Agora, as taxas de crescimento do IPC e do PCE estão subindo novamente. A história está se repetindo?
Duas barras internas se formaram no gráfico diário do EUR/USD, sinalizando uma incerteza significativa. Pode ser prudente definir ordens pendentes: comprar o euro em relação ao dólar a $1,0535 e vender a $1,0480.
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