As ações dos EUA encerraram a segunda-feira em leve queda após uma sessão volátil, com investidores se preparando para uma semana decisiva, na qual o país escolherá seu próximo presidente e o Federal Reserve deverá divulgar um comunicado importante de política monetária.
Nos últimos momentos da corrida presidencial, Donald Trump e Kamala Harris intensificaram seus esforços para garantir votos essenciais. As pesquisas indicam uma disputa acirrada, e pode levar dias até que o vencedor seja conhecido.
Alguns dos chamados "negócios de Trump" registraram quedas após uma pesquisa mostrar Harris, vice-presidente democrata, liderando em Iowa. Isso resultou em uma leve queda no dólar americano, nos rendimentos do Tesouro e no Bitcoin. Já o Trump Media & Technology Group (DJT.O) terminou com um ganho de 12,37%, recuperando-se de perdas iniciais de quase 6%.
Após a pesquisa de Iowa, as probabilidades de vitória de Harris aumentaram em diversos sites de apostas, o que muitos participantes do mercado veem como um indicativo dos resultados eleitorais.
"Será necessário esperar até pelo menos quinta-feira para determinar o vencedor, então, infelizmente, esta semana provavelmente será bastante volátil", disse Sam Stovall, estrategista-chefe da CFRA Research em Nova York.
"Os lucros estão bem, o Fed provavelmente reduzirá as taxas de juros, e a única verdadeira incerteza é a eleição. Esperamos que seja resolvida o quanto antes para que os investidores possam retomar seus negócios normalmente", acrescentou Stovall.
Na segunda-feira, os principais índices de ações dos EUA fecharam em queda. O Dow Jones Industrial Average (.DJI) caiu 257,59 pontos, ou 0,61%, fechando em 41.794,60. O S&P 500 (.SPX) também caiu, perdendo 16,11 pontos, ou 0,28%, para 5.712,69. O Nasdaq Composite (.IXIC) acompanhou a tendência, recuando 59,93 pontos, ou 0,33%, encerrando em 18.179,98.
No mercado de títulos, os rendimentos dos Treasuries de dez anos caíram 6,4 pontos base, para 4,299%, após uma queda inicial de 10 pontos base. Os investidores esperam uma semana volátil, aguardando os resultados eleitorais e um esclarecimento da política econômica.
Com a queda nos rendimentos dos títulos, o índice Russell 2000 (.RUT) teve um aumento modesto de 0,4%, pois menores custos de financiamento tendem a beneficiar ações de pequena capitalização.
O índice de volatilidade CBOE (.VIX), conhecido como "medidor de medo" de Wall Street, subiu para 21,94, permanecendo acima de sua média de longo prazo de 19,46 e próximo do pico de duas semanas, refletindo a tensão no mercado devido à eleição iminente e às possíveis consequências econômicas.
Para quinta-feira, os investidores estão quase certos de que o Fed cortará a taxa de juros em 25 pontos base. Segundo a ferramenta FedWatch da CME, há 98% de chance de corte e apenas 2% de manutenção das taxas, o que já está precificado pelo mercado.
Entre os 11 principais setores do S&P 500, o setor de energia (.SPNY) liderou com uma alta de 1,87%, impulsionado pela decisão da OPEC+ de adiar os aumentos de produção.
A Nvidia (NVDA.O) teve um ganho modesto de 0,48% após o anúncio de que substituirá a Intel (INTC.O) no Dow Jones. Como resultado, as ações da Intel caíram 2,93%, impactando o índice.
A operadora de hotéis Marriott International (MAR.O) recuou 1,59% após reduzir sua previsão de lucro para 2024 devido à baixa demanda de viagens nos EUA e na China.
A Constellation Energy (CEG.O) teve o pior desempenho no S&P 500, caindo 12,46%. A Comissão Reguladora de Energia Federal negou um acordo para expandir a capacidade de um data center da Amazon, prejudicando o setor de utilidades, que caiu 1,21%.
Na segunda-feira, as ações em alta superaram as em queda na Bolsa de Nova York com uma proporção de 1,37 para 1, enquanto na Nasdaq, a proporção foi de 1,01 para 1 a favor das ações em alta, indicando um leve otimismo apesar da cautela.
O S&P 500 registrou 10 novas máximas de 52 semanas e quatro novas mínimas, refletindo expectativas positivas em setores selecionados. Enquanto isso, o Nasdaq Composite registrou 66 novas máximas, mas também 128 novas mínimas, destacando o aumento da volatilidade entre as ações de tecnologia e inovação.
O volume de negociações nos EUA foi de 11,31 bilhões de ações, ligeiramente abaixo da média de 20 dias de 11,71 bilhões, sugerindo uma postura cautelosa dos participantes do mercado antes de eventos importantes, como a reunião do Fed e a eleição presidencial.
As ações da Air France KLM (AIRF.PA) caíram após o Morgan Stanley rebaixar a companhia de "peso igual" para "abaixo do peso". Na terça-feira, as ações caíram cerca de 2% no início da sessão.
Morgan Stanley observou que, embora as ações da Air France KLM não estejam excessivamente caras em relação a seu histórico, elas são negociadas com um prêmio em comparação a seus pares. Esse prêmio, aliado a uma perspectiva desafiadora de fluxo de caixa, indica cautela para a empresa.
Apesar dos desafios econômicos, muitas empresas europeias estão superando as expectativas para o terceiro trimestre, com investidores recompensando os melhores desempenhos. No entanto, preocupações com a fraca demanda na China continuam a limitar o entusiasmo.
Os dados do LSEG I/B/E/S mostram que os analistas revisaram para baixo as expectativas de crescimento dos lucros em 380 pontos-base nos dois meses anteriores à temporada de lucros. Normalmente, esses ajustes são de cerca de 100 pontos-base, mas a queda substancial nas projeções tornou mais fácil para as empresas superarem as expectativas.
Até o momento, cerca de 50% das empresas do índice STOXX 600 (.STOXX) divulgaram seus lucros, sendo que aproximadamente 56% excederam as previsões. Os estrategistas de ações do Citi observam que esse número está alinhado com a média trimestral, indicando que as empresas europeias estão se mantendo firmes apesar da turbulência do mercado.
As eleições nos EUA adicionam outra camada de incerteza, com analistas esperando que a volatilidade resultante possa impactar as ações europeias, enquanto investidores aguardam para ver como o resultado pode influenciar a economia global.
Neste trimestre, as empresas que superaram as expectativas estão sendo notavelmente recompensadas pelos investidores. Por outro lado, aquelas que não cumpriram as previsões estão sentindo a pressão, já que o mercado está adotando uma postura mais rígida em relação ao baixo desempenho.
Os bancos europeus tiveram outro trimestre forte, já que as taxas de juros persistentemente altas continuam a apoiar as margens de lucro. Mesmo com sinais do Banco Central Europeu de potenciais cortes de taxas, o sentimento dos investidores permanece positivo.
"As taxas de juros permanecerão estruturalmente mais altas do que em ciclos anteriores", comentou Thomas McGarrity, chefe de ações da RBC Wealth Management. Ele acredita que isso beneficiará significativamente os bancos, permitindo que eles mantenham margens fortes. "Estamos em uma posição favorável e não recuaremos", acrescentou McGarrity.
Dados da LSEG I/B/E/S mostram que o setor financeiro registrou um crescimento de lucros de 20,6% no terceiro trimestre, ocupando o terceiro lugar entre os principais setores, atrás de utilidades e materiais básicos. Até o momento, 80% das empresas financeiras superaram as expectativas dos analistas em seus relatórios de lucros.
Enquanto isso, a economia da Europa permanece em estado de estagnação. O setor industrial, particularmente dependente de energia, enfrenta desafios devido ao aumento dos custos e à fraca demanda global. Para as empresas de pequeno e médio porte focadas no mercado doméstico, essas questões geram ventos contrários significativos e perspectivas de crescimento instáveis.
Atualmente, as ações europeias permanecem historicamente subvalorizadas. A média da relação P/L (preço/lucro) futura de 12 meses é de 13,6x, abaixo da média de longo prazo de 14,3x. As ações de média capitalização parecem ainda mais atraentes, negociadas a um P/L futuro de 12,7x, em comparação com a média de longo prazo de 15x. Essa subvalorização torna os ativos europeus atraentes para investidores em busca de potencial de crescimento em mercados estáveis.
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