O mercado leva em consideração uma série de fatores, porém, há momentos em que muitos desses já estão refletidos nas cotações de um par específico. Durante novembro, os títulos do Tesouro dos EUA tiveram seu melhor desempenho em décadas, resultando em uma queda significativa nos rendimentos. Os índices de ações globais também cresceram no ritmo mais acelerado em três anos. Esses indicadores sinalizam uma melhora no apetite global pelo risco, criando um cenário favorável para o GBP/USD, ou mais especificamente, para sua valorização. Contudo, surge a questão: será necessário um novo impulso para que a libra continue em alta?

Além do crescente apetite por risco, um fator crucial a favor da libra é a cautela do Banco da Inglaterra. As expectativas de curto prazo do mercado apontam para um corte na taxa repo de apenas 75 pontos base até 2025. Segundo as projeções dos investidores, o início do processo de expansão monetária está previsto para agosto. No entanto, a situação é diferente para o Federal Reserve e o BCE. Ambos os bancos centrais devem reduzir suas taxas de juros básicas em 125 pontos-base, com previsão de início para março-abril. Essa divergência na política monetária coloca a libra em uma posição relativamente mais forte em comparação com o dólar americano e o euro.

Uma das razões para a postura cautelosa do Banco da Inglaterra pode ser atribuída ao crescimento salarial mais robusto na Grã-Bretanha em comparação com outros países desenvolvidos. O Brexit tornou-se um obstáculo para a mão de obra barata, levando os trabalhadores ingleses a não aceitarem salários menores. De acordo com pesquisas recentes, 47,4% dos trabalhadores assalariados estão otimistas em relação às suas perspectivas para os próximos cinco anos. No entanto, ao mesmo tempo, 58,4% dos entrevistados preveem uma recessão.

Há uma análise em curso sobre a dinâmica da inflação e dos salários médios no Reino Unido.

Um mercado de trabalho sólido é um fator restritivo para a expansão monetária do Banco da Inglaterra. De acordo com Andrew Bailey, o banco central fará todo o possível para que a inflação retorne à meta de 2%, mas quaisquer discussões sobre a redução da taxa de recompra nesta fase são inadequadas. A nova integrante do Comitê de Política Monetária, Megan Greene, concorda com ele. Em sua opinião, os custos dos empréstimos devem permanecer em um patamar por um longo período, já que os riscos de retorno da inflação são atualmente maiores do que os temores de uma recessão.

De fato, a leitura final mostrou que a atividade comercial no setor industrial cresceu de 44,8 para 47,2 em novembro, acima da estimativa inicial. Apesar de o indicador ter permanecido abaixo da marca crítica de 50 pelo 16º mês consecutivo, a Grã-Bretanha conseguiu até agora evitar uma desaceleração. Será que ela terá sucesso no futuro próximo? A história de uma aterrissagem suave será uma excelente notícia para o GBP/USD.

Assim, a deliberação do Banco da Inglaterra joga a favor da libra, mas alguma deterioração no apetite global pelo risco devido às expectativas de fortes estatísticas do mercado de trabalho dos EUA para novembro pode levar a uma correção no par analisado.

Tecnicamente, no gráfico diário do GBP/USD, a incapacidade dos touros de se estabelecerem acima de 1,27 tornou-se o primeiro sinal de sua fraqueza. No futuro, a dinâmica da libra dependerá do fato de os ursos conseguirem atacar o suporte em 1,2615-1,2630. Uma recuperação permitirá posições de compra com um alvo em 1,29. Por outro lado, uma quebra aumentará os riscos de um recuo.