A principal criptomoeda mais uma vez decepcionou os participantes do mercado com uma forte queda. Muitos analistas atribuem esse movimento às tensões geopolíticas e ao sentimento baixista predominante no mercado cripto. No entanto, o Bitcoin busca uma recuperação, embora o prazo para isso ainda seja incerto.

o preço do Bitcoin despencou na quarta-feira, 26 de fevereiro, rompendo o suporte de $85.000 e se aproximando de $82.000. O impulso político que havia impulsionado sua recente valorização começou a se dissipar. O principal ativo digital já acumula uma perda de quase 25% desde sua máxima histórica de $108.000. Na quinta-feira, 27 de fevereiro, o BTC era negociado próximo a $86.460, registrando seu nível mais baixo do ano.

Nos últimos meses, o Bitcoin atingiu recordes históricos impulsionado por mudanças no cenário político dos EUA, após a reeleição de Donald Trump. Com o Partido Republicano conquistando o controle da Câmara dos Representantes e do Senado, o Bitcoin se tornou um dos focos de sua agenda política. Esse cenário gerou otimismo na comunidade cripto e blockchain. No entanto, a falta de avanços

Tim Enneking, sócio-gerente da Psalion, destacou que o aumento do Bitcoin após as eleições foi impulsionado apenas por declarações de intenção em nível federal e estadual, além de movimentações em outros países. Segundo ele, o governo dos EUA enfrenta desordem devido às políticas tarifárias de Donald Trump, à influência de Elon Musk no DOGE e aos esforços republicanos no Congresso para conter o déficit orçamentário.

Diante dessa incerteza, os investidores estão se desfazendo de ativos de risco, como as criptomoedas. Os principais índices acionários, incluindo o S&P 500, o Dow Jones Industrial Average e o Nasdaq Composite, também recuaram desde o início do mês.

Especialistas apontam que o Bitcoin segue em trajetória de queda. Recentemente, a criptomoeda caiu abaixo de US$ 89.000, acumulando uma desvalorização de 8,5% em apenas uma semana. Esse declínio prolongado levanta dúvidas entre os investidores sobre se o BTC já atingiu o fundo do poço. No entanto, alguns analistas acreditam que essa liquidação pode representar um ponto de inflexão para o mercado.

Capitulação do Bitcoin: Será que o mercado chegou ao fundo do poço?

O analista de criptomoedas Caueconomy recentemente classificou esse movimento como "a maior capitulação do Bitcoin de 2025". Ele comparou o evento a um ocorrido em agosto de 2024, sugerindo que o Bitcoin pode ter atingido um fundo local. Segundo ele, mais de 79.000 BTC foram vendidos com prejuízo em um único dia, totalizando US$ 1,7 bilhão. Essa liquidação lembra a que foi desencadeada pelo aumento da taxa de juros do Japão no ano passado, que resultou na redução generalizada de posições alavancadas.

De acordo com Caueconomy, a capitulação do Bitcoin em agosto de 2024 marcou um fundo de curto prazo. Após esse evento, o mercado se estabilizou e o BTC subiu para US$ 100.000 em dezembro de 2024. Embora a história possa estar se repetindo, a trajetória futura da criptomoeda ainda é incerta.

Outros fatores de baixa

Muitos analistas apontam diversas razões para o declínio do Bitcoin. Mike Marshall, pesquisador sênior da Amberdata, acredita que a queda para US$ 85.000 reflete a crescente ansiedade dos investidores. A saída de grandes volumes dos ETFs de Bitcoin e uma liquidação mais ampla de ações do setor de tecnologia intensificaram a pressão sobre o mercado.

Marshall destacou que o Bitcoin costuma acompanhar o desempenho das ações de tecnologia. Assim, quando índices como o Nasdaq recuam e empresas como Tesla e Nvidia enfrentam dificuldades, o BTC também tende a sofrer.

As novas tarifas impostas por Trump agravaram ainda mais as perspectivas para o Bitcoin. Outros fatores de baixa incluem instabilidade geopolítica, enfraquecimento da confiança do consumidor, queda na atividade empresarial e preocupações com a inflação. Brett Sifling, gestor de ativos da Gerber Kawasaki Wealth & Investment Management, destacou que o Bitcoin continua altamente correlacionado com o mercado de ações.

Sifling ressaltou que, em meio a uma ampla saída de ativos de risco no mercado de ações, o Bitcoin acompanhou a recente queda de 5% do Nasdaq. Ele também destacou um fluxo de saída significativo dos ETFs de Bitcoin à vista, com quase US$ 1 bilhão retirado em um único dia nesta semana.

Na terça-feira, 25 de fevereiro, os ETFs de Bitcoin à vista nos EUA registraram suas maiores saídas diárias desde o lançamento, há mais de um ano. Segundo dados da SoSoValue, os fluxos líquidos negativos praticamente dobraram, atingindo US$ 1,01 bilhão, marcando a sexta sessão consecutiva de retiradas. Desde a aprovação desses ETFs em janeiro de 2024, os fluxos líquidos totais caíram para US$ 38 bilhões.

Os analistas da QCP Capital acreditam que a demanda institucional por BTC atingiu seu pico. Eles preveem que o mercado continuará enfrentando incertezas nas próximas semanas, especialmente após a decisão de Trump de impor tarifas sobre produtos canadenses e mexicanos e restringir investimentos chineses na economia dos EUA. Como resultado, muitos investidores estão reduzindo sua exposição ao mercado cripto para minimizar riscos.

Já os analistas da Binance adotam uma visão mais otimista. Eles argumentam que a atual queda do mercado cripto, impulsionada por tensões econômicas e políticas, é temporária. Segundo eles, a desvalorização do Bitcoin se trata de um recuo tático, e não de uma reversão de tendência. A equipe acredita que a principal criptomoeda pode se recuperar rapidamente e reafirmar sua dominância no mercado global de ativos digitais.